segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

(As melhoras)

Maldita febre matinal, fizeste-me acordar a ferver e com atrozes dores de cabeça sinto-me, neste momento, como Álvaro de Campos um dia se sentiu:"A dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica/tenho febre e escrevo/Escrevo rangendo os dentes". Sinto-me como tivesse os meus neurónios todos aos saltos, a dançar à volta de uma fogueira; fogueira esta, que me queima o cérebro e me seca a garganta. Preciso urgentemente de algum neurónio que seja bombeiro, sinto o sistema nervoso a dilatar e as minhas sinapses a fazerem faísca aumentando cada vez mais a labareda dentro da minha caixa craniana. Sinto tonturas à mínima rotação da cabeça, o frio psicológico abana o meu corpo como uma vara ao vento, levo a mão à cabeça e questiono-me o que mais pode correr mal; estes últimos dias deixei de me sentir a viver mas sim a sobreviver. Sinto que me aproximo do inferno, talvez seja da minha temperatura, é verdade, mas não creio que seja só isso. Sinto a necessidade de escrever, as mãos regelam e a cabeça arde mas não paro, nunca paro. Quando parar morri. “Tenho febre e escrevo/Escrevo rangendo os dentes” Sinto o corpo a latejar, não percebo como tenho o cérebro a arder e ele transmite a mensagem de frio para o resto do corpo, suspiro forçosamente, a tiritar e com as palavras do dramaturgo grego, Ésquilo, a ecoarem na minha cabeça:”É bom aprender a ser sábio na escola da dor” e do escritor Anatole François “muito aprendeu quem conheceu o sofrimento” sinto que faz parte da vida. Talvez eles tenham razão, também há o provérbio que diz: “não há dor que o sono não cure” Assim, despeço-me de ti, ate amanha! (…) Obrigado.